sexta-feira, 13 de março de 2009

Moradores da Grama reclamam da Casa de Passagem














Quase 300 moradores assinaram pedindo a transferência da Casa de Passagem para local mais adequado



No dia 5 de setembro de 2005, a Casa de Passagem, como é chamada, foi criada com intuito de receber crianças, com todo tipo de problemas, agressões, abandono, violência familiar e até mesmo abuso sexual. Porém, a construção do local no bairro trouxe diversos problemas, como os próprios moradores contam em entrevista ao jornal A Folha.

Renata Bonfanti Vieira, uma das moradoras do bairro grama, contou que a vizinhança ficou muito perigosa depois que foi construída a Casa de Passagem. Seu maior medo é deixar seu filho pequeno sozinho em casa.

- Nosso bairro sempre foi muito tranquilo, agora não posso deixar roupas no varal, porque, quando um dos meninos da Casa foi preso, foi encontrado com ele pertences de meu filho e sobrinho. Roubaram também o bar do meu pai que fica debaixo da minha casa. Não temos mais paz na minha própria casa – disse Renata.

Outra entrevistada foi a senhora Elza Bonfanti, que também deu sua opinião sobre o assunto. Ela reclamou do prefeito, que disse que ia retirar a casa do bairro, devido aos roubos que estavam acontecendo. Mas, como nada foi resolvido, Dona Elza conseguiu aproximadamente 300 assinaturas, e entrou com um abaixo assinado, que foi entregue ao juiz e permanece sem resposta até hoje.

- Acho muito errado uma casa que recebe vários meninos de todos os lugares do Brasil não ter um centro de recuperação. Eu entendo que os jovens têm seus problemas, e precisam de um lugar onde possam aprender profissões. Mas eles ficam sem fazer nada o dia inteiro – disse Dona Elza.

Os moradores relataram ainda alguns casos de violência como a de um senhor morador do bairro que teria sido espancado por um dos internos.


Alexandre Barros Guimarães, foi outro dos entrevistados, e disse ter uma boa relação com os meninos, apesar de alguns problemas em sua rua. Segundo ele, a casa em frente a sua foi invadida por um dos menores, e, na casa do seu inquilino, um deles foi pego cheirando cola.

- Mas isso tem muito tempo e agora a casa está tranquila. O meu maior medo é não saber quem ainda pode vir a morar nessa casa.


Coordenadora fala sobre Casa de Passagem


A coordenadora da Casa de Passagem do bairro grama, Maria Aparecida Rampine (Cidinha), em entrevista ao jornal A Folha, comentou sobre o funcionamento do local. É ela quem recebe os menores enviados para o abrigo pelo Conselho Tutelar da cidade, e em, alguns casos, pelo Juiz. Maria Aparecida avalia o estado da criança, e de acordo a sua necessidade, encaminha para o PSF (Programa de Saúde da Família), e a Policlínica. Outro serviço realizado pela casa é a matriculação dos menores em colégios ou na FAETEC, dependendo do seu grau de escolaridade. O abrigo hoje disponibiliza dez vagas, sendo oito para o município e duas para outras cidades.
Porém, em relação a casa, ainda falta infraestrutura, segundo Maria Aparecida. Houve um caso isolado que chamou atenção para o problema. Um menor que cometia muitos delitos foi abrigado na casa por mandato judicial, causando um transtorno muito grande aos moradores do local. Isso repercutiu da pior maneira possível, fazendo os moradores julgar os outros meninos. Outro problema é em relação a recreação: as crianças saem para brincar no Parque Salutaris, já que o único espaço disponível no local é a horta.
– Se for para melhoria das crianças eu aceito mudar para outro lugar- disse Maria Aparecida.
Cidinha, falou como é seu trabalho na casa. Ela contou, inclusive, que já ajudou criança que não estava alfabetizada e conseguiu que estudasse. Hoje ela está no terceiro ano do ensino médio.
- Tento manter um bom relacionamento com as crianças, levando-as para passar o dia no meu sitio. O quê mais me dói é ver a mãe desses garotos levando dinheiro e biscoito ao invés de levar carinho, e sou eu que falo para os meninos darem o beijo na mãe. Eu peço para a população que venha fazer uma visita, na Rua Luis Lopes da Silva, 166, aos sábados e domingo a partir das 14 horas, a essas crianças que precisam do apoio de todos – finalizou Maria Aparecida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário